Tomba à tarde no lânguido poente
O sol deita os seus últimos fulgores;
A natura desperta outros rumores
Com mistérios surgidos do latente.
Um poema de forma transcendente
Traz o claro do meu sentir fulgente.
Com reflexos astrais da luz sensível;
No crepúsculo, percebo o invisível,
Entre as folhas dos plácidos sentidos,
E contemplo os meus versos coloridos
Entre os vales dum Ser perceptível.
Nas montanhas da abóboda celeste
Um ocaso desenha o fim do dia,
As estrelas em linda romaria
Dão mil beijos na face do cipreste.
A galáxia do verso o corpo veste
Lindos brilhos vividos no meu peito,
Desenhando o sentir quase perfeito
Na montanha feliz do Ser poeta,
Onde a luz do poético arquiteta
A ternura do verso no meu leito.
Lindos pentes das cores do arrebol
Deixam feixes de luzes no crepúsculo
Até mesmo um suave Ser minúsculo,
Sente a noite roubando a luz do sol.
Sinto o verso estendido qual lençol
No meu corpo tocando com leveza,
Despertando no cosmos da beleza
Os pequenos cometas da poesia,
Clareando meu mundo de magia
Revelando do peito a natureza.
Sinto o sol despedindo-se da terra
Derramando das luzes mil serenos,
Os reflexos ficando bem pequenos
Num adeus no poente atrás da serra.
Cada verso no coração desterra
Os fulgores felizes da existência;
Surge a vésper no céu da consciência
Com mil brilhos no fundo coração,
Clareando meu ser de sensação
Sobre o campo sutil da transcendência.
Gilmar Leite
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