segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

TOU FUMANDO O CIGARRO DA SAUDADE

HÁ ENTRE NÓS A DISTÂNCIA QUE SEPARA
E UM MURO COMO AQUELE DE BERLIM
NÃO QUERIA MAS EU SEI QUE ASSIM
SE EXISTE UMA CHANCE MAS É RARA
DE ESTAR FRENTE A FRENTE, CARA A CARA
NEM QUE FOSSE POR UM ERRO DE TABELA
QUE FIZESSE EU ME DEPARAR COM ELA
E AFOGAR ESSA DOR QUE ME INVADE
TOU FUMANDO O CIGARRO DA SAUDADE
E A FUMAÇA DESENHANDO O NOME DELA

SÓ EU SEI QUE O CIGARRO QUE FUMO
PREJUDICA MAS NÃO É O MEU PULMÃO
EMBRIAGA E ENTOXICA MEU CORAÇÃO
QUE DE CARA FAZ ELE BATER SEM RUMO
SE EU PUDESSE DEIXARIA O CONSUMO
DESSA DROGA QUE AO SUJEITO ATROPELA
EU FARIA DE TUDO PRA ESTAR COM ELA
POIS A DROGA ME TRAZ ESSA VAIDADE
TOU FUMANDO O CIGARRO DA SAUDADE
E A FUMAÇA DESENHANDO O NOME DELA

(Mario Almeida)

domingo, 20 de dezembro de 2009

A CASA DOS ESTUDANTES

Quem entrar numa casa de estudantes
Vê um lar doentio e tão funesto
Na parede uma frase de protesto
Reclamando um aumento exorbitante
Roupas sujas pendentes num barbante
Um penetra que dorme em pleno chão
A coberta que tem é um calção
E o calçado um chinelo à japonesa
Representa o retrato da pobreza
É o descaso com nossa educação

Um colega que solta um palavrão
Já cansado de fome, insônia e luta
Diz “que professor filho da puta”
Não considerou esta questão
Consultando o caderno de borrão
Verifica que errou realmente
Depois baixa a cabeça tristemente
E lamenta estudei toda a semana
Mas pisei numa casca de banana
E vou ser reprovado novamente

Essa casa em tudo é carente
Parece uma discriminação
Até mesmo a comunidade
Para nós é muito deficiente
Se acaso adoece algum parente
Acontece o que é se esperar
A família não tem como avisar
E se manda uma carta com urgência
Depois de um mês chega a agencia
De lá volta se alguém não for buscar

Esta casa é difícil se achar
Sempre foi uma ilha tão cruel
Mas quem sabe talvez a EMBRATEL
Inda chegue a nos localizar
Porém se esse sonho terminar
Não podemos ficar tão inativos
Inda há esperanças e motivos
Mas o quadro se mostra muito feio
Vou tratar de soltar pombos-correio
Para dar um sinal que estamos vivos

Quem chegar aqui num fim de semana
Vê um mundo estranho e tão opaco
Um rapaz fazer pipoca num caco
Um comer uma dúzia de banana
Outro entrar com uma garrafa de cana
Com uma cara de quem há dois dias não come
Um doente que de magro se some
Um cantando feliz de sua viva
No fogão preparando uma comida
Cujo cheiro mata qualquer de fome

Inda tem um rapaz namorador
No espelho fazendo um penteado
Com o jeito de quem é bom de gado
E um sotaque do seu interior
Põe a sua camisa multicor
E aperta o seu cinturão de couro
Na carteira de leve dá um choro
Depois vai falar com a namorada
Porque teme que ela acabe o namoro

Nas paradas recortes de jornais
E manchetes de algumas revistas
Desde ultra-direita e comunistas
Sobre fotos passados e atuais
Discussões específicas e gerais
Desde a casa à conquista da lua
Mas ninguém sabe aonde se situa
Como o quadro que agora se depara
Uma foto de Ernesto Che Guevara
Junto ao pôster de alguma mulher nua

Marx, Lênin também aqui estão
Suas obras de todos conhecidas
São figuras bastante discutidas
Como Bruna e Fafá também são
A disputa pela televisão
Por programas e temas diferentes
Essas coisas na casa são freqüentes
E quem mora aqui sabe e conhece
Que um pouco de tudo isso acontece
Nesta casa e com nos, os residentes.

Um colega que ia se formar
Decidiu levar pau numa cadeira
E medisse que agiu dessa maneira
Esperando a situação mudar
Um emprego ta duro de arranjar
Ele tem procurado em todo lado
O seu crédito também foi cortado
Resta agora esperar e fazer prece
Vai até filia-se ao PDS
Só não pode é ficar desempregado

Todo casa de estudante tem
Um sujeito nojento e sistemático
Fofoqueiro, cricri e antipático
Que não faz amizade com ninguém
Insultando a quem vai e a quem vem
Faz mistério da sua procedência
É preciso ter muita paciência
Tolerar tal sujeito no convívio
Se essa peste morresse era um alívio
Um descanso para nossa residência

Tem sujeito metido a cientista
Tem sonâmbulo que anda a madrugada
Resmungando alguma aula passada
Ou um trecho que leu numa revista
Tem cantor, violeiro, repentista.
Jogador, viciado que a lei.
Não permite, mas tem, porque eu sei.
Tem sujeito esquisito que rebola
Desmunheca chacoalha, deita e rola
E assume orgulhoso que é gay.

O futebol ao domingos para quem topa
Tem um jogo corrido palmo a palmo
Mas é bom que o sujeito seja calmo
Que a disputa é maior que na copa
O suor que escorre logo ensopa
A camisa, a cueca e o calção.
Pois a base de nossa nutrição
É pipoca, cuscuz e pão francês.
Quem jogar meia hora passa um mês
Em repouso para recuperação

Um colega da gente que morreu
Só porque tinha roubado um caderno
O diabo levou para o inferno
Para submetê-lo a servo seu
Mas um dia esse cara apareceu
E falou do inferno no geral
Disse até que lá não estava mal
Se um lado é ruim outro compensa
Que daqui não tem diferença
Que exceto a quentura é tudo igual

Essa casa à noite é mal assombrada
É comum se ver muita estripulia
Frankstein ensinado anatomia
E o demônio dançando na calçada
E a alma de um ex-camarada
Aparece pedindo uma oração
Conde Drácula saindo do caixão
Ouvem-se gritos, arrastos de correntes.
Mil fantasmas de forma diferente
E um cachorro que anda alto do chão

Quem achar que tudo isso é exagero
Brincadeira ou alguma fantasia
Apareça na casa qualquer dia
E comprove se é falso ou verdadeiro
Eu só disse que diz todo xepeiro
Que é o nome vulgar do residente
Mas é claro, que alguém, mas consciente.
Se vier e observar o fato
Pode até me chamar de insensato
Moderado, covarde e conivente.

AO JAMBEIRO (em frente à casa)

Certamente merecia um castigo
Se esquecesse este grande companheiro
Bom vizinho, fiel hospitaleiro.
Que da gente tem sido tão amigo
Quantas vezes tu já me deste abrigo
Nos momentos de grande depressão
Tua sombra por alguma razão
Tem um quê, que me dá tranqüilidade.
Desta casa não levarei saudade
Mas para ti deixarei gratidão

Tua sombra tem ar condicionado
O barulho das folhas prova isso
Acho que até existe algum feitiço
Um segredo que não é desvendado
O seu fruto tem mel açucarado
O teu tronco parece até que tem
Um mistério, uma força do além.
A pureza da seiva do floema
Que quem chega se traz algum problema
Se esperar dois minutos fica bem

É você que comvida a passarada
Na aurora só para fazer farra
Muito cedo eu escuto a algazarra
Que termina no fim da madrugada
De manhã se vê uma fruta beliscada
Da orgia é tudo quanto resta
E tu és o anfitrião da festa
Bagunceiro também, meu bom jambeiro.
De estudante e aves alcoviteiro
Diferente dos outros da floresta

Com certeza ninguém suportaria
E essa casa seria algum mocambo
Se faltasse na frente um pé de jambo
Tão frondoso que dá tanta harmonia.
Meu poema já mais existiria
Minha Musa não dava inspiração
O jambeiro talvez seja a razão
Dos que têm bom aproveitamento
Já vi fraco crescer, virar talento
Só porque o jambeiro deu a mão

A PROCURA DE SI MESMO
Cada vez que um homem pensa passa
A usar muito menos a razão
Na corrida pela destruição
Acaba de uma vez com toda massa

Argumenta que é para sua defesa
Mas coloca a espécie num perigo
Destrói tudo que há na natureza
E não descobre que é seu inimigo

Nossa vida tornou-se tão banal
O “progresso” é que está interessando
Que há milhares na guerra se acabando
E há quem ache um processo natural

E não vê que por falta de alimentos
Há centenas que morrem todo dia
A obsessão por armamentos
E as ruínas que toda guerra cria

Diz que há outros mundos, outras vidas.
Que a ciência precisa conhecê-las
Não está certo se há, ainda duvida.
E já comentam uma guerra nas estrelas

É que o homem está mal acostumado
Desde cedo se tornou tão nocivo
O que vê se acaso estiver vivo
Ameaça e deve ser dizimado

E se um dia um mundo descobrir
Onde exista igualdade, amor e paz.
Pelo menos índios, já dão para deduzir.
Se puder, o que é que ele faz.

Numa nave vai pelo espaço a esmo
Procurando, que já leva consigo.
Pois se é seu maior inimigo
Basta olhar para dentro de si mesmo.

AFONSO SIQUEIRA CAMPOS
(estudante de Medicina Veterinária/1982 e XEPEIRO DA CASA 1 - UFRPE)

A CASA DO ESTUDANTE A PROCURA DE SI MESMO

A SELEÇÃO DESTA CASA
SÓ MESMO O SISTEMA EXPLICA
NÃO CHEGA PRA QUEM PRECISA
A CARÊNCIA É QUEM INDICA
AQUI A MISÉRIA MANDA
E A POBREZA CLASSIFICA

II

A LUTA SE INTESIFICA
EM PROL DE ALGUMA MELHORIA
PEDIDOS SÃO FEITOS MUITOS
PROMESSA SAI TODA HORA
MAS CONFORME O TEMPO PASSA
A SITUAÇÃO PIORA

. Aluno do Curso de Medicina Veterinária - (XEPEIRO OFICIAL) natural de São José do Egito – PE

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

RIFA-SE UM CORAÇÃO

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

(Repasse com os devidos créditos)

*Laur@´s Poesias
(Clarice Lispector)

UM PARABÉNS A ELA

MEUS PARABÉNS A VOCÊ
NESTA DATA COMEMORADA
QUE SEMPRE HAVERÁ DE SER
POR TODOS ETERNIZADA
NUM MARCO DE FELICIDADE
QUE DE DEUS SEJA A VONTADE
DE UMA VIDA PROLONGADA

LHE DESEJO FELICIDADE
MUITA PAZ E AMOR
NÃO DEIXE A SIMPLICIDADE
LEVE SEMPRE ONDE FOR
QUE O RESTO SE ALCANÇA
POIS ENQUANTO HÁ ESPERANÇA
A CONQUISTA TEM VALOR

ÉS UMA SIMPLES PESSOA
TÃO ALEGRE E SINGELA
COMO UM PASSARO QUE VOA
NUMA TARDE TÃO BELA
TEUS AMIGOS TE PARABENIZAM
CANTANDO JUNTOS ETERNIZAM
UM PARABÉNS A ELA

(Mario Almeida)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MANOEL BENTEVI

Manoel Bentevi desmanchou o Nordeste em poesia

Luiz Alberto Machado

Da vida nasce o saber
Da seca nasce o queixume
Da mulher nasce o ciúme
Do olhar nasce o amor
Da doença nasce a dor
Do justo nasce a verdade
Do mau nasce a crueldade
Do fuxico nasce o enredo
Da sugestão nasce o medo
Do coração, a maldade...
Do olhar nasce o amor,
Do coração a maldade)


Se eu chegar no Recife aperriado
Eu acabo com todas as fortalezas
Vou no Palácio do Campo das Princesas
Paro todo movimento do Estado
Na Assembléia não deixo um deputado
Na zona não fica uma mulher
Acabo as forças armadas que houver
Tranco banco, instituto, inspetoria
Fecho hospitais, detenções, secretarias
Só funciona o Recife se eu quiser.

Prendo guarda civil, cabo, soldado,
Comandante chefe do Estado maior
Prendo tenente, capitão, prendo major
Paro todo movimento do Estado.
Prendo telégrafo, imprensa, consulado
Emissora não deixo uma sequer,
Prendo a Lloyd, a Costeira e a Panair
Paro o trânsito, não passa mais ninguém
Da estação central não sai um trem
Só funciona o Recife se eu quiser.

(...)

Mas isso foi um sonho muito pesado
Que eu sonhei certa vez quando dormia
Um povo no ouvido me dizia
Paro todo movimento do Estado.
Acordei tristemente atribulado
Vi que era uma coisa sem mister
Não encontrei uma pessoa sequer
Que me dissesse o que tinha acontecido
E uma voz me dizendo no ouvido
Só funciona o Recife se eu quiser!

Nas glosas a gente encontra essas pérolas, como:

Na vida ninguém confia
Em nada sem ter certeza
São obras da natureza
Tudo que a terra cria:
Gente, ave, bicharia,
Tudo começou assim.
O homem é quem é ruim
Nada bom ele planeja
Por muito forte que seja
A morte pega e dá fim.

E também essa:


Naquele tempo odiento e obscuro
Em que a ciência era tragada em um vaso
Todo o mundo imerso no atraso
Eu olhei na janela do futuro:
O panorama da vida é muito duto
E o destino do homem vem traçado.
Eu, pra ver se obtinha resultado,
Do além e de coisas mais incríveis,
Penetrei no setor dos invisíveis,
Vi o mundo sorrir do outro lado.

E num tom que reúne a poesia e a hilariante tirada:

Da bobina para o distribuidor
Há um cabo que passa uma centelha clara
Meto o pé no arranco, ele dispara
Toda vez que acelero meu motor
O combustível entra no carburador
A entrada de ar transforma o gás
Com a compressão que ele faz
Forma o jato, o êmbolo vai subindo
Vai queimar na cabeça do cilindo
A fumaça da gasolina sai por trás.

E a resposta na ponta da língua ao desaforo:

Minha carne só é nervo e cabelouro
O espinho de juá bate e não fura
Minha saliva salva qualquer mordidura
Se a jibóia morder por desaforo
Tiro o veneno da bicha faço soro
E dou vida a qualquer um ser vivente.
Seja qual for a qualidade da serpente
Estando mesmo quieta ou assanhada
Por acaso ela me dando uma picada
É capaz de ficar sem nem um dente...

Já no livro das poesias, encontra-se, dentre outras, o Desmanchando o Nordeste em Poesia:

(...)

Você vê quando ali ao por do sol
O cenário fica muito mais bonito
O tetéo na lagoa solta um grito
E a araponga por detrás do arrebol
Na biqueira da casa o rouxinol
Lá por traz da montanha a cotovia
Desperta a passarada e um novo dia
A aurora com sua rubra cor
É bonito um poeta trovador
Desmanchando o Nordeste em poesia...


Como também no poema O Caiador, profissão do poeta:

(...)

Não trepo mais em escada
Nem tão pouco em prédio alto
Não posso mais dar um salto
A força está acabada
Dou alguma pincelada
Mas não em toda ocasião
Seguro o pincel na mão
Com atenção e cuidado
Pincel mole, desgraçado...
Só dá pra melar o chão.

O lírico e belíssimo, Uma casa sem mulher:

Onde mulher não existe
Vivente nenhum resiste
É uma caverna triste
É coisa que ninguém quer
Eu vos digo com certeza
Para falar com franqueza
É mais triste que a tristeza
Uma casa sem mulher...

E o engraçadíssimo O mundo só está prestando depois que eu não presto mais:

Quem é novo e tem dinheiro
Faz na vida o que bem quer:
Nunca lhe falta mulher
Neste país brasileiro.
Se eu fosse moço e solteiro
Vivia nos lupanais
Nos cabarés, nos fuás
Com as meninas brincando
O mundo só está prestando
Depois que eu não presto mais...

Por fim, no livro do romance de cordel, é encontra A grande discussão de um suleiro com um sertanejo:

(...)

Já fui uma vez ao sul
Ver se ganhava dinheiro
Mas topei com o suleiro
Chamado papa-muçu!
Pançudo do bucho azul
Vive nu de se esconder
Todo inchado de beber
Cortado de piojota
Aquilo é uma derrota
Do sul não quero saber.

(...)


Bravo, nobre sertanejo
Eu gostei da discussão
Mas o suleiro também
Teve boa notação
Enfrentou bem direitinho
Versou no mesmo caminho
Improvisou na razão.

O espaço por mais que disponha será sempre muito pouco para mostrar a poesia de Manoel Bentevi, bem como de explicar a sua poética, a riqueza dos recursos, as modalidades utilizadas, enfim, preferi destacar o texto do poeta sem que ousasse comentário mais técnico a respeito, porque senão, terminaria aqui com trocentas páginas.

Como o objetivo é trazer a poesia de Manoel Bentevi, uma poesia exemplar e do tope dos mestres Leandro Gomes de Barros, Cego Aderaldo, João Matias de Athayde, dentre outros, fica aqui o registro para que se possa cada vez mais aprofundar os estudos e se conheça a obra deste poeta pernambucano.

CINCO SENTIDOS SEM NENHUM SENTIDO

Era uma vez um planeta
Criado com muito amor
Matéria prima das boas
Por Deus, o nosso Senhor.
Terá ele se arrependido
Vendo tudo sucumbido
Sem crença, fé ou amor?

Ao homem que ele deu olhos
Não enxerga, apenas vê
Finge de desentendido
Quando há tanto pra fazer
Planta os sonhos em versos
De tipos os mais diversos
Entretanto ele não crê.

Vive batendo no peito
Dizendo tudo poder
Mas traz os ouvidos moucos
Só quer ter mas nunca ser
Um palmo além do umbigo
Nem ele nem eu consigo
Decifrar o que acontecer.

Das palavras faz chibata
Sem ter qualquer compaixão
Atreve-se a poetar
Pra magoar um irmão
Sem entender que a boca
Não é para coisa pouca
Deve expor o coração.

As dores da própria pele
Recusa sem hesitar
Não sente nenhum remorso
Se as dores for provocar.
Que diabo de ser humano
É esse feito de pano
Que não foi Deus a criar?

Se lhe amarga o paladar
Enche o ar de palavrão
Mas serve, o mascarado
Muito fel ao seu irmão
De onde pensa que veio
Esse misto de aperreio
sem alma nem coração?

Vem com boa pontaria
Eu sei, muita explicação
Dirão que isso é balela
Eu vim foi duma explosão
Pois que seja assim vá lá
Eu quero é ver explicar
Quem é que armou o alçapão.

Porque mais dia menos dia
Não vai ter um pra contar
Donde eu vim pr'onde eu fui
A ninguém vai interessar
Seja o fogo, a água ou o ar
Que os três virão a faltar
Que tonto vai duvidar?

(Tere Penhabe)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

SONHO DE CONSUMO

HOJE NÃO
DEIXE PRA MIM DEIXAR
QUANDO EU ESTIVER FELIZ
HOJE EU ESTOU TÃO PRA BAIXO
DEPOIS DO QUE FIZ
MESMO SEM PAIXÃO
EU PEÇO SUA COMPAIXÃO

HOJE NÃO
DESISTA DE ARRUMAR A MALA
E DE BATER A PORTA
SEM CHÃO EU ESTOU ME SENTINDO
UMA ÁRVORE MORTA
COMO É QUE VOU FINCAR RAIZES
SE EU NÃO TENHO CHÃO

FIQUE,
EU IMPLORO PRA VOCÊ NÃO IR
ESPERE PELO MENOS EU DORMIR
SE É QUE TENDO PEZADELOS
EU CONSIGO TER SONO

NÃO,
SE VOCÊ NÃO QUER A CAMA NEM A REDE
DURMA NO SOFÁ OU PÉ DA PAREDE
MAS ME FAÇA SONHAR
QUE AINDA SOU SEU DONO

(Os Nonatos)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

BASTA DE VIOLÊNCIA

BASTA DE TANTA VIOLÊNCIA
E DAS CRUELDADES BANAIS
SERÁ QUE O HOMEM NÃO TEM CONCIÊCIA
DO GRANDE MAL QUE ELE FAZ
FERINDO SEU PRÓPRIO SEMELHANTE
EM TODO LUGAR A TODO INSTANTE
VARIAS VIDAS SE DESFAZ

NA GRANDE PERIFERIA
E TAMBÉM NO INTERIOR
A VIOLÊNCIA CONTRARIA
AS REGRAS DA PAZ E DO AMOR
DESTROEM VIDAS POR TÃO POUCO
E NESSE MUNDO TÃO LOUCO
QUANDO É QUE A VIDA TERÁ VALOR

VAMOS TODA A SOCIEDADE
JUNTOS SE MOBILIZAR
EM PROL DA LIBERDADE
QUE COM A LUTA VIRAR
A PAZ VENCENDO A VIOLÊNCIA
QUE DEIXARAR DE SER TENDÊNCIA
SÓ A PAZ HÁ DE FICAR

TEMOS QUE JUNTOS LUTAR
SAIR TODOS NA AVENIDA
PARA PODERMOS DEMOSTRAR
QUE LUTAMOS PELA VIDA
E QUE ALÉM DO HORIZONTE
EXISTE A PAZ NOSSA FONTE
QUE EM NOSSO PEITO ESTA CONTIDA

NÃO VAMOS NOS DAR POR VENCIDO
POR QUE A LUTA NÃO SE CANÇA
NÃO PODE DIZER QUE ESTAR PERDIDO
QUANDO HÁ AINDA A ESPERANÇA
TODOS EM PROL DESTA CAUSA
SEM DAR TRÉGUA NEM PAUSA
A PAZ PLENA A GENTE ALCANÇA

(Mario Almeida)

MULHER, AFLOR MAIS BELA

TENS UM EXCLUSIVO PERFUME
QUE NEM OUTRA FLOR TEM
E TENS O DOM TAMBÉM
DE ME CAUSAR CIÚME
O TEU OLHAR QUE ASSUME
O FEITIÇO QUE ME ENFEITIÇOU
E EMBRIAGADO ME DEIXOU
COM O PERFUME DELA
MULHER, A FLOR MAIS BELA
DO JERDIM QUE DEUS CRIOU

TUA BELEZA ENVOLVENTE
TRADUZ O QUE É O AMOR
NO JARDIM QUE DEUS PLANTOU
ESTA BELA SEMENTE
NASCEU UMA FLOR DIFERENTE
QUE LOGO ME CATIVOU
E QUE A MIM DEMOSTROU
SER UMA FIGURA SINGELA
MULHER, A FLOR MAIS BELA
DO JARDIM QUE DEUS CRIOU

SE VOCÊ SE AUSENTAR

SE VOCÊ, DO MEU MUNDO SE AUSENTAR,
ME ENRROSCANDO NOS MARES DO TORMENTO,
SOU CAPAZ DE PEDIR NESSE MOMENTO,
PARA A LUZ DOS MEUS OLHOS SE APAGAR,
SE VOCÊ, EU NÃO POSSO MAIS OLHAR
SOU CAPAZ DE PEDIR PARA MORRER.
ÉS A RAZÃO QUE ILUMUNA MEU VIVER,
ÉS A ÚNICA ILUZÃO QUE AINDA CARREGO,
SOU CAPAZ DE PEDIR PRA FICAR CEGO,
SE OLHAR PARA O MUNDO E NÃO TIVER
(Descnhecido)

PERDÃO

PERDOA-ME SE TE AMO
JURO!! NÃO SOU CUPADO.
CONQUISTASSE MEU CORAÇÃO
ME DEIXANDO APAIXONADO.
E AGORA, O QUE EU FAÇO?
SE ESTOU SENDO DESPRESADO
SERÁ QUE O MEU DESTINO
É AMAR SEM SER AMADO?

(Desconhecido)

SALVE A GRANDE PADROEIRA

SUBO AS ESCADARIAS
DE NOSSA SENHORA DE LURDES
E PEÇO QUE NOS AJUDE
A SEGUIR COM ALEGRIA
CAMINHADO EM ROMARIA
COM FÉ E DEVOÇÃO
QUE GUARDAREMOS NO CORAÇÃO
A PAZ TÃO VERDADEIRA
SALVE A GRANDE PADROEIRA
DOS PEREGRINOS DO SERTÃO

UMA FÉ QUE SE PLANTA
O ROMEIRO SE ANIMA
SOBE DE SERRA ACIMA
ATÉ O PÉ DA CRUZ SANTA
LOGO A FRENTE SE ADIANTA
REZANDO UMA BELA ORAÇÃO
AGRADECENDO A BENÇÃO
DA GRAÇA PIONEIRA
SALVE A GRANDE PADROEIRA
DOS PEREGRINOS DO SERTÃO

TEM A IMAGEM DO REDENTOR
BEM NO ALTO DA SERRA
ABENÇOANDO ESSA TERRA
DE UM POVO SEM TEMOR
QUE REZA EM LOUVOR
A SAGRADA ORAÇÃO
PRA RENOVAR A MISSÃO
DA FÉ NOSSA COMPANHEIRA
SALVE A GRANDE PADROEIRA
DOS PEREGRINOS DO SERTÃO

POR UMA GRAÇA ALCANÇADA
FAÇO A MINHA PENITÊNCIA
SEM FAZER MAIS EXIGÊNCIA
SÓ AGRADEÇO A VIDA ABENÇOADA
QUE POR DEUS FOI CRIADA
COM O DOM DE SER CRISTÃO
E PRA TER A SALVAÇÃO
NAS HORAS DERRADEIRAS
SALVE A GRANDE PADROEIRA
DOS PEREGRINOS DO SERTÃO

SOLIDÃO CIDADE QUE TEM
UM ACOLHIMENTO FRATERNO
SOB AS MÃOS DO CRISTO ETERNO
OS PEREGRINOS DIZEM AMÊM
QUE MUITOS DE LONGE VEM
ENTREGAR SEU CORAÇÃO
CARREGADO DE DEVOÇÃO
PRA LEVAR PRA VIDA INTEIRA
SALVE A GRANDE PADROEIRA
DOS PEREGRINOS DO SERTÃO

(Mario Almeida)

SAIBA O QUANTO EU TE AMO

ATRAVÉS DA SOMA E DA MULTIPLICAÇÃO
VERAZ O QUANTO EU QUERO TE AMAR
SOME TODAS AS ESTRELAS DO CÉU
MULTIPLIQUE PELAS GOTAS DE ÁGUA DO MAR
TERAZ O TAMANHO DO MEU AMOR
QUE É PRA SEMPRE, NUNCA SE ACABARAR.

(Mario Almeida)

SADDAN RUSSEIN FOI TRAIDO

QUANDO OS AMERICANOS
TODO O IRAQUE INVADIU
ONDA DE ATAQUES SE VIU
DO DITADOR TINHA DESENGANOS
DE ACABAR COM SEUS PLANOS
QUE ATÉ ENTÃO ERAM PERFEITOS
MAS DESTA NÃO TEM MAIS JEITO
AGORA VAI SER PUNIDO
SADDAN RUSSEIN FOI TRAIDO
PELO SEU BRAÇO DIREITO

SADDAN FOI ENCONTRADO
FEITO TATÚ DENTRO DA TERRA
ACHADO A CAÇA DA GUERRA
O DITADOR DELATADO
POR EUA CAPITURADO
DENTRO DO SEU PROPRIO LEITO
SEM FORÇA E SEM CONCEITO
NA PRISÃO VAI SER MANTIDO
SADDAN RUSSEIN FOI TRAIDO
PELO SEU BRAÇO DIREITO

AO SEU GRANDE CONCEBIDO
SADDAN CONCEDEU O TRONO
PENSOU QUE POR SER DONO
DO IRAQUE ERA OBEDECIDO
SEM IMAGINAR QUE FOSSE TRAIDO
POR UM HOMEM DE SEU RESPEITO
QUE COM MEDO FICOU SEM JEITO
MOSTROU A TOCA DO ESCONDIDO
SADDAN RUSSEIN FOI TRAIDO
PELO SEU BRAÇO DIREITO

DIANTE DA VIOLÊNCIA
DOS ATAQUES SUICIDAS
DESTRUIRAM-SE MUITAS VIDAS
POR BANAL INCONCIÊNCIA
E FALTA DE CONPETÊNCIA
DO HOMEM PRA COM SEU DIREITO
POR SER MAIS QUE IMPERFEITO
AO JURI DEVEM SER SUBIMETIDO
SADDAN E BUCH DEVEM SER PUNIDO
POR TODO MAL QUE TEM FEITO

(Mario Almeida)

DEPOIS QUE O AMOR FOI EMBORA

ESTOU CHORANDO POR UM MOTIVO
É QUE UM AMOR QUE ESTAVA VIVO
HOJE ELE ACABA DE MORRER
O MEU PEITO SÓ LAMENTA
CORAÇÃO JÁ NÃO AGUENTA
ESSA FALTA DE VOCÊ

DEPOIS QUE O AMOR FOI EMBORA
SÓ RESTOU SALDADE AGORA
DENTRO DESSE MEU PEITO
ERA UM AMOR QUE EU PENSAVA
QUE JAMAIS SE ACABAVA
VEJO AGORA NÃO TEM MAIS JEITO

VOU FICAR AQUI SOFRENDO
POUCO A POUCO VOU MORRENDO
DERRAMANDO OS PRANTOS MEUS
POR UM AMOR QUE DEU PARTIDA
QUE DIXOU AMINHA VIDA
NEM SE QUER ME DISSE ADEUS

DIZEM QUANDO UM AMOR SE ACABA
SÓ COM OUTRO É QUE SE APAGA
AS MARCAS QUE FICAR
ESPERO QUE ISSO ACONTEÇA
MAS AMAR QUEM NÃO MEREÇA
NUNCA MAIS EU HEI DE AMAR

(Mario Almeida)

QUANDO O CORAÇÃO AMA

QUANDO O CORAÇÃO AMA A GENTE É QUEM PADECE
POR AMAR UM AMOR QUE É PERFEITO
UM AMOR VERDADEIRO NÃO SE ESQUECE
SE SUFOCA DENTRO DO PEITO

(Mario Almeida)

CAUSASTES NA MINHA VIDA

CAUSASTES NA MINHA VIDA
UMA TOTAL DESTRUIÇÃO
REVIRASTES O MEU PEITO
COMO FAZ UM FURACÃO
INUDASTES OS MEUS OLHOS
COMO TEMPESTADE DE VERÃO

MEU PEITO FOI DESTRUIDO
O CORAÇÃO ESTÁ DESABRIGADO
SÓ O TEMPO É A COMPANHIA
PRA ESQUECER TODO PASSADO
E REERGUER A ESTRUTURA
DE UM AMOR DESPEDAÇADO

USASTES TODO TEU PODER
DE VILÂ INCODICIONAL
TAUVEZ SEM AVALIAR
QUE CAUSARIA ESTE MAL
NÃO MEDIU AS CONSEQUÊNCIAS
DESSA CRUELDADE BANAL

SEI QUE O PRÓPRIO TEMPO
HÁVERAR DE TE COBRAR
POIS QUEM AQUI FAZ
AQUI MESMO IRAR PAGAR
POR ASSIM TER DESTRUIDO
UM CORAÇÃO QUE QUERIA AMAR

(Mario Almeida)

UMA BELA FLOR

NUM CAMPO VASTO E FLORIDO
DESTACA-SE UMA BELA FLOR
PLENA DE UMA BELEZA RARA
COM LINDA PÉTALA MULTICOR
MAS O QUE MEUS OLHOS VIRAM
FOI VOCÊ MEU GRANDE AMOR

ÉS A MAIS BELA CRIATURA
DE TODAS QUE JÁ CONHECI
NÃO TENHO NEM PALAVRAS
PRA EXPRESSAR O QUE SENTI
EU ENCONTREI A FELICIDADE
QUE A MUITO TEMPO PERDI

ÉS A ESTRERLA PRATEADA
DO CÉU DA MINHA PAIXÃO
SEM VOCÊ EU NÃO SOU NADA
SÓ EXISTE ESCURIDÃO
VOCÊ PRA MIM É TUDO
ÉS O SOL DO MEU MUNDO
A ESTRELA DO MEU CORAÇÃO

TEUS OLHOS BRILHAM MAIS
QUE A LUZ DE UM VAGA-LUME
PRA MIM VOCÊ É A CAUSA
PRIMEIRA DO CIÚME
DAS FLORES A MAIS FORMOSA
ENTRE TODAS, A MAIS CHEIROSA.
COM UM EXCLUSIVO PERFUME

CONHECER-TE FOI BOM
FOI REAL E NÃO INLUSÃO
DIGO-TE COM TODA FORÇA
E COM A VOZ DA RAZÃO
NÃO ME ESQUECE, EU TE PEÇO.
POR FAVOR, GUARDE ESTES VERSOS.
DENTRO DO SEU CORAÇÃO

(Mario Almeida)

CÂNCER DE PELE

PROCURE O DERMATOLOGISTA
PRA ELE DIAGNÓSTICAR
SE VOCÊ TEM A SUSPEITA
DE UMA LESÃO IRREGULAR
SÓ ELE É QUEM VAI DIZER
COMO SE DEVE TRATAR

O DIAGNÓSTICO PRECOCE
É MAIS QUE IMPORTANTE
PRA SE OBTER ACURA
DESTE PROBEMA RELEVANTE
POIS MAIS CEDO DESCOBERTO
TRATA-SE MAIS CONFIANTE

O CANCER DE PELE TEM
COMO AGENTE PRINCIPAL
A RADIAÇÃO UTRA-VIOLETA
QUE CAUSA ESTE MAL
MULTIPLICANDO AS CÉLULAS
DESORDENADAS E ANORMAL

HÁ TRES TIPOS MAIS FREQUÊNTES
QUE O SOL PODE CAUSAR
É O MELANOMA MÁLIGNO
O CARCINOMA BASOCÉLULAR
ENTRE ELES O MAIS COMUM
É O CARCINOMA ESPINOCÉLULA
(Mario Almeida)

PREVENIR É MUITO FÁCIL
ISTO EU QUERO LHE DIZER
NÃO SE ESPONHA AO SOL
CUIDE EM SE PROTEGER
O CANCER É MUITO SÚTIL
PODE LHE FAZER SOFRER

VAMOS COBRIR NOSSO CORPO
NOSSA PELE PROTEGER
ELA É O MAIOR ORGÃO
QUE TEMOS QUE DEFENDER
USE PROTETOR SOLAR
PARA O MAL NÃO OCORRER


COM A CRIANÇA O CUIDADO
É QUE DEVE REDOBRAR
EVITE O SOL DAS DEZ HORAS
USE PROTETOR SOLAR
REAPLICADO DEPOIS
QUE NADAR OU TRANSPIRAR

(Maria das Neves)

AS ABELHAS

BEM QUE O HOMEM PODERIA
NESTE SER SE ESPELHAR
NUM GRANDE EXAMPLO DE VIDA
QUE AS ABELHAS PODE NOS DAR

UMA CLASSE ORGANIZADA
UM MODELO DE SOCIALIZAÇÃO
ONDE CADA UMA JÁ NASCE
COM SUA PRÓPIA FUNÇÃO

TEM A ABELHA RAINHA
NO REINO UMA BELA MISSÃO
TRAZER A HARMONIA ENTRE A ESPÉCIE
E TAMBÉM A REPRODUÇÃO

TEM O ÚNICO MACHO DA COMÉIA
QUE É DISPROVIDO DE FERRÃO
SEU PAPÉL É FECUNDAR
E É CHAMADO DE ZANGÃO

TEM AS ABELHAS OPERÁRIAS
LOGO APÓS O NASCIMENTO
O PAPÉL DE GARANTIR
HIGIENE, ÁGUA E ALIMENTO

(Mario Almeida)

O HOMEM ATÉ QUE PONTO...

VEJA SÓ ATÉ QUE PONTO
O HOMEM JÁ EVOLUIU
AO VER O QUE A MENTE VIU
NE DEIXA UM POUCO TONTO
NESSA LINHA DE CONFRONTO
SE VÃO VIDAS E OS DEDOS
FICAM ANGUSTIAS E OS MEDOS
PARA OS MEROS VIVOS MORTAIS
SÓ EXISTE UM POUCO DE PAZ
NA FINA MÚSICA DE UM ENREDO

(Mario Almeida)

JUVENTUDE, ATITUDE!

PRA MUDAR É SÓ QUERER
E NÃO ESPERAR QUE SE MUDE
TODOS JUNTOS PRA VENCER
NÃO QUEREMOS MAIS SER "RUDE"
QUEREMOS NOS FORTALECER
E A CIDADANIA EXECER
NÓS PODEMOS JUVENTUDE!

VAMOS JUVENTUDE MASSA
REAGIR NOSSAS FORÇAS MIL
O TEMPO NÃO PARA, PASSA
SOMOS FORTES E "VIRIL"
MOSTREMOS NOSSA RAÇA
QUE NADA VEM DE GRAÇA
É NÓS NA FITA BRASIL!

QUE JUVENTUDE É ESSA
QUE NÃO FICA DE BOVEIRA
TEMOS QUE LUTAR A BESSA
RUMO À ESTAÇÃO PRIMEIRA
NO VAGÃO DO DESENVOLVIMENTO
CARREGAR NOSSO CONHECIMENTO
EITA JUVENTUDE GUERREIRA!

VAMOS ERGUER NOSSOS BRAÇOS
MOSTRAR QUE A GENTE EXISTE
OCUPAR OS NOSSOS ESPAÇOS
QUEM É FORTE NÃO DESISTE
VAMOS FORMAR NOSSA REDE
PARA MATAR A NOSSA CEDE
DE VENCER QUE PERSISTE

QUE O JOVEM É IMATURO
ISSO É CONVERSA FIADA
SE NÓS SOMOS O FUTURO
E NO PRESENTE NÃO É NADA
VAMOS FAZER DIFERENTE
VAMOS MOSTRAR QUE A GENTE
TRAÇAMOS A PRÓPRIA ESTRADA.

(Mario Almeida)

CIDADANIA

TRANSFORMAR A HUMANIDADE
COM CIDADANIA É FUNDAMENTAL
NÃO DEIXAR QUE A DESIGUALDADE
SE FORTALEÇA NUM IDEAL
QUE TRAGA UMA FALSA VERDADE
QUE AS LUTAS NA SOCIEDADE
NÃO MUDAM O QUE É CULTURAL

SER CIDADÃO É ESTAR
NAS LUTAS DA TRAJETÓRIA
CONHECER E PROJETAR
SEUS DIERITOS NA MEMÓRIA
PARA QUE SE POSSA LUTAR
COLETIVAMENTE FOMENTAR
COMO AGENTE DA PRÓPRIA HISTÓRIA

(Mario Almeida)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO

FALAR DE TRANSPOSIÇÃO
É UM CASO DELICADO
CONSTRUIR SEM DISCUSSÃO
SEM O CIDADÃO INFORMADO
SE É QUE REALMENTE VEM
BENEFICIAR DE FATO A QUEM
DA ÁGUA ESTÁ PRECISADO

UM PROJETO AVALIADO
EM MONTANTES DE REAIS
QUE SE FOSSE INVESTIDO
EM OUTRAS AÇÕES MAIS
BENEFICIARIA MAIS GENTE
SERIA MAIS EFICIENTE
E COM DIREITOS IGUAIS

UM DIREITO QUE É DE TODOS
SÓ BENEFICIA A MENORIA
SOMENTE QUEM JÁ TEM
RECEBE A MAIOR FATIA
MAS SE A GENTE LUTAR
E A BANDEIRA LEVANTAR
O QUE VALE É MAIORIA

SE À ÁGUA VEM MUDAR
QUE SEJA PARA A MAIORIA
POIS O GRANDE NÃO PRECISA
JÁ TEM MAIS DO QUE DEVIA
É O PEQUENO QUEM MAIS FAZ
SÓ ELE É QUEM É CAPAZ
DE PRODUZIR O PÃO DE CADA DIA

(Mario Almeida) 16/10/2009

VAQUEIRO APAIXONADO

A VIDA DE UM VAQUEIRO
SE RESUME NUMA BOIADA
DE MADRUGADA O DIA INTEIRO
NÃO SE TEM HORA MARCADA
SÃO OSSOS DO SEU OFICIO
CUMPRE BEM O EXERCICIO
SEM SE RECLAMAR DE NADA

SOU UM VAQUEIRO APAIXONADO

PELA VIDA QUE CARREGO
SE TEM BOI ENCAPETADO
PODE ME CHAMAR QUE PEGO
NADA NA VIDA ME ASSUSTA
DIGO QUE ESSA VIDA É JUSTA
EU SOU FELIZ E NÃO NEGO

SOU VAQUEIRO NORDESTINO

DAS QUEBRADAS DO SERTÃO
MINHA VIDA É CORRER GADO
AMANÇAR BOI NO MOIRÃO
E A MORENA MAIS BONITA
PEGO NUM LAÇO DE FITA
PRENDO NO MEU CORAÇÃO

EU DIGO QUE SOU VAQUEIRO

MAIS NUNCA MONTEI CAVALO
NEM TRABALHEI PRA FAZENDEIRO
NEM ENCHI AS MÃOS DE CALOS
SÓ ADIMIRO A PROFISSÃO
PRA NÃO FAZER CONFUSÃO
FICO EM SILÊNCIO ME CALO.
(Mario Almeida)