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Dar notícia de tragédia
O que já deu de zuada...
Tem que ter jeito pra coisa
Ter ciência, ter estrada!...
Né quarqué um qui se mete
A butá burro im charrete
Qui vai ganhá a parada
Mi lembro de Zé Garapa
Mestre no cabo da enxada
Invento de sê casêro
De um tal de Chico Buchada
Quando um ano se passou
Garapa telefonou
Três hora da madrugada
Buchada atendeu: - “Alô!”
- “É o seu Chico Buchada?
É Zé Garapa, seu Chico!...”
- “Mas são três da madrugada
E isso é hora de ligar?!”
- “Seu Chico, é que eu vim lhe dar
Uma notíça danada...”
- “Diga logo Zé Garapa!”
- “Foi seu Cachorro Tigrão”
- “Que houve com meu cachorro
De pedigri, campeão?”
- “É que o pobre afaleceu!”
- “Morreu? Mas como morreu?”
- “Se esticou duro no chão!...”
- “Mas morreu de que, seu Zé
Que tragédia desgramada?!”
- “É o seguinte seu Chico,
Foi uma carne estragada.”
- “Mas quem deu carne a esse cão,
Se ele vive de ração?!”
- “Carne do pordo “Frexada!”
- “Espera aí seu José
E o meu pordo morreu?”
- “De tanto carregar água
Mode o incêndio que se deu
Na fazenda Catolé...”
- “Péra aí, como é que é???
E um incêndio aconteceu?”
- “Casa, horta, prantação,
Tudo desapareceu
Pois o fogo lambeu tudo
O gado todo morreu,
A curpa foi duma vela
Na cortina da janela
Onde a fornaia se deu”
- “Que vela é essa, seu doido,
Aí já tem energia!”
- “É qui aqui teve um velório...”
- “Que velório, ô ingrisia!”
- “A vela foi do velório
De sua mãe Donana Osório!
- “Pare com tanta heresia!”
- “Minha mãe tá muito viva...
Jantou aqui ta entendendo?”
- “Tava viva sim sinhô
Mas agora Deus ta vendo!
Qui Ele tenha pena dela
Pois uma bala daquela
Ela caiu se tremendo!”
- “Bala, que bala sujeito?”
- Bom Seu Chico eu me acordei
Cum um barúi e vi um vurto
E a tocaia eu preparei
Ela fez pantim, patrão,
Pensei qui fosse um ladrão
E no vurto eu atirei!
Autor: Merlanio Maia
Fonte: Blog Poesia Popular Nordestina
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