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Seu moço sou sertanejo
Nasci no alto sertão
Foi lá que cresci poeta
E vivo a contar histórias
De na hora de morrer
Convocar-se um Ajudante
E este tem o dever
De ajudar quem está morrendo
Dando ao “de cujos ” seu norte
No seu caminho final
Se o moribundo demora
A se decidir morrer
Fica num chove não molha
É esta a hora doída
O morrente pra morrer
O mais depressa possível
No vale do Piancó
Chamado Zaqueu Socó
De olhar fundo , sisudo ,
Esse caboclo , seu moço
Morava sempre sozinho
E sempre compareceu
Na hora extrema da sorte
No Vale do Piancó
De nunca ter fracassado
Ao vê seu Socó chegar
Caía logo num choro
Dava dó da gente olhar
Do pobre tirasse a sorte
Fazia dele um defunto
O povo dali falar
Fugindo de qualquer jeito
E com este personagem
Do Sítio Morada Nova
Adoeceu, foi piorando
E ficou com o pé na cova
E eu fui lá fazer visita
E vi a família aflita
E o seu filho Zé Raimundo
E ouvi seu Zaqueu falar
- Picanso, eu vim lhe ajudar
Ocê né mais desse mundo !
Ouvi um gemer profundo
E Socó meio afobado
E agarre a de Santo Antão
Nisso eu vi uma zuada
Picanso gritou:- Pra trás !
E não o seu capataz !
A porta estava trancada
E sem nenhum exagero
Ouvi quebrar-se a janela
Picanso fugir por ela
No maior dos desesperos
Falou: Picanso curou-se!
Disse isto e depois partiu
Saí dali assustado
O que passei nesta hora
Picanso pegou descendo
Largou tudo e foi se embora
Adoeci gravemente
Ouvi alguém sussurrar
- Pra o sofrimento acabar
- Valhei-me Nossa Senhora !
Nisso eu chamei por Jesus
Fiz das tripas coração
Levantei de supetão
Tomei sopa nesse dia
Pulei numa perna só
Autor:Merlanio Maia
Fonte: Blog Poesia Popular Nordestina
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