sexta-feira, 16 de junho de 2017

"Quero ver o Brasil ser campeão Dando show nos gramados da escola"


Imagem fonte: Centro Educação Integral Rubens Cruz

"Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola"
(mote: lenelson Piancó)
Glosa: poeta antonio Carneiro.

Quem caminha na senda da história
Do Brasil do fracasso perde a senda
Que seu lema de ordem virou lenda
Seu progresso perdeu a trajetória.
Pra elite o Brasil virou escória
Pela história repleta de esmola
Sobra fome, doença, bunda e bola
Falta lei, caridade e educação
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
Essa história de Pátria educadora
É conversa pra velho e boi dormir
Os cabeças prometem investir
E a esmola não chega na gestora.
Pó de giz sufocando professora
E os alunos com lápis, pó e cola
Uma farda fubenta e uma sacola
Não garante o futuro da nação
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
Um país que desfalca seu erário
Não investe na paz e na cultura
Não tem verba, vergonha nem lisura
Prega o pobre sofrido no calvário.
E o imposto que paga o operário
O leão abocanha e lhe enrola
A escola do crime é uma marola
Nos puxando ao mar da corrupção
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
No Brasil já está impregnado
A cultura da falta de justiça
E o político na Câmara só atiça
Pra p povo ser sempre condenado.
Com manobras na çei um deputado
Nas benecias pra si ele extrapola
A pobreza precisa mas não rola
Falta esmola de lei, sobra prisão
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
No Brasil que não tem identidade
Os seus filhos já nascem marginais
Se não morrem na maca de hospitais
Vão cair vao da desigualdade.
Se escapar e lutar por igualdade
O sistema cruel faz a degola
E o Brasil que endeusa a coca cola
Vai morrer sem formar opinião
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
No Brasil há milhões de beira mar
Esnobando distante da cadeia
Hoje o mundo do crime é uma teia
Que se prende assim logo que entrar.
Quem quiser nele se matricular
A caneta tem nome de pistola
A carroça de jegue é um corolla
Mas seu leito tem nome de prisão
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
Tiradentes lutou por igualdade
Da Colônia mas ele se deu mal
O Brasil foi refém de Portugal
Mas liberto só foi uma metade.
E pagou caro por sua crueldade
Com o povo que vinha de Angola
E o que fez com o povo quilombola
Ao negro devemos um perdão
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
Quem não lembra da copa de cinquenta?
Que o Brasil levou um maracanaço
Em quatorze sofreu outro fracasso
Pois na copa jogou em marcha lenta.
Desse jeito não vai passar de penta
Que o esporte aqui nunca decola
E o cabeça da máfia é um cartola
Na verdade não passa de um ladrão
Quero ver o Brasil ser campeão
Dando show nos gramados da escola.
Poeta Antonio Carneiro
Tuparetama PE

Mariana Teles, filha de Valdir Teles,faz cordel para defender o forró e ironizar o sertanejo no São João


Imagem do Blog Marcello Patriota

A campanha "Devolva Meu São João", encabeçada por artistas, músicos e sanfoneiros nordestinos, foi mote para a poeta e advogada pernambucana Mariana Teles,natural de Tuparetama, que aborda o tema com versos e rimas. Na poesia de cordel, Mariana reforça a reivindicação de artistas que alegam ter perdido espaço nas grades dos festejos juninos para os cantores do sertanejo e ainda denuncia a descaracterização do São João na região. 
"Se quiser ouvir Marília/ No mesmo tom da sofrência/ É comprar com antecedência / Villa Mix de Brasília... / Mas no São João tem família / Que não desce até o chão / Vai pra ouvir Assisão", diz um trecho. 
A poeta nasceu em Tuparetama, no Sertão do Pajeú, mas mudou para o Recife. Mariana é filha do repentista Valdir Teles, de São José do Egito, e já lançou o livro O novo mar de poesia (2015). 
"Sou apologista do Nordeste e admiradora das artes. Em relação a essa polêmica, acredito que é preciso uma janela mais democrática na construção de festas que atendam os novos públicos, mas não deixe os artistas que militam o ano inteiro pela causa de fora", comenta."Tem que ter nomes mais conhecidos, mas dando prioridade aos que carregam a bandeira do forró e da tradição junina", completa. 

Confira a poesia de Mariana Teles:

Não é contra o sertanejo,
Maiara nem Maraísa
Mas no São João precisa
Tocar "lembrança de um beijo",
É contra a máfia que eu vejo
Ganhando licitação,
Usurpando a tradição, 
Vendendo a identidade 
Pelo forró de verdade,
"Devolva meu São João"

Imaginem Salvador
Pátria do axé brasileiro,
Colocando um violeiro
Num trio do parador,
Leo Santana e um cantador
Dividindo a percussão 
Vila Nova num cordão,
Sem tocar mais Preta Gil
Pelos ritmos do Brasil,
"Devolva meu São João"

Cultura é identidade!
É patrimônio de um povo,
E nenhum sucesso novo
Compra originalidade.
Não discuto a qualidade 
Mas discuto a tradição,
Quem quiser ouvir modão,
Ou a Festa da Patroa,
Vá pra terra da garoa.
"Devolva meu São João"

Se quiser ouvir Marília 
No mesmo tom da sofrência,
É comprar com antecedência 
Villa Mix de Brasília...
Mas no São João tem família,
Que não desce até o chão 
Vai pra ouvir Assisão,
Forró sem som de "breguismo"
Não dê lucro pra o modismo.
"Devolva meu São João"

Pela pátria nordestina!
Pelas nossas tradições!
Vamos romper os cordões 
De camarote em Campina,
São João é na concertina,
Não se divide em cordão 
Para quê segregação 
Numa festa popular?
Ninguém pode separar!
"Devolva meu São João"

E as próximas gerações,
O que irão conhecer?
Irão "curtir e beber"
Como ensina esses modões?
Que será das tradições,
Com o som de apelação?!
De Wesley Safadão
Que o forró não promove
É brega noventa e nove...
Só um por cento é São João

Fonte: Blog do Marcello Patriota