quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cavalgadas de Lembranças

Num cavalo galopei sobre a serra
Um jaguar deu esturros estridentes,
A serpente feroz mostrou seus dentes
Os punhais afiados para a guerra.
A caatinga no peito ainda desterra
As lembranças das grutas tenebrosas,
Os espinhos das plantas venenosas,
As floradas dos pés dos bugaris,
As cantigas das lindas juritis,
Alegrando as auroras invernosas.

Cavalgando veloz pelas campinas
O meu corpo sentia a brisa leve
Eu ficava maneiro como a neve
Dando beijos com dúlcidas neblinas.
No cavalo eu pegava em suas crinas
Agarrado, sentindo a pulsação,
O meu corpo tornava-se sertão
Embrenhado na mata bem fechada
Vez enquanto sentindo uma florada
Penetrando no fundo coração.

As passadas dos cascos do cavalo
Desenhavam o fundo dos caminhos
O meu corpo fugia dos espinhos
Numa dança dos cactos num embalo.
Eu ficava tão fino como um talo
Sobre o dorso do meu lindo alazão,
De chapéu, de perneira e de gibão,
Eu rompia as chapadas mais distantes
Enfrentando rochedos bem cortantes
Sem temer os perigos do grotão.

Eu livrei-me dos troncos das juremas
Dos espinhos em formas de anzóis
E senti das campinas os lençóis
Dos tapetes das gramas em poemas.
Envolvido naqueles mil emblemas
O meu corpo brotou a flor sensível;
Hoje tenho a lembrança inesquecível
No jardim florescente da memória
Que renasce do peito minha história
Onde torno meu mundo mais visível.

Por: Gilmar Leite
Fonte: Blog Águas do Pajeú

3 comentários:

  1. O DIA DO VAQUEIRO

    Quando amanhece o dia
    E o sol começa a clarear,
    Iluminando o meu quarto,
    Eu me ponho a espreguiçar.
    Levanto todo animado,
    É quase hora de trabalhar.

    Tomo um banho gelado,
    Bebo um café fresquinho.
    Selo logo o meu cavalo
    E vou seguir o meu caminho
    Pedindo para o Deus Pai
    Abençoar a nós tudinho.

    Vou pro meio da caatinga,
    Vou atrás do boi fujão,
    Me arrisco entre os espinhos,
    Os cardeiros do sertão.
    Só volto com o desgarrado,
    Nunca perco uma rês não.

    Ajudando na caçada,
    Vem meu cachorro mateiro.
    Vou tocando a boiada,
    Nessa lida de vaqueiro,
    Percorrendo as estradas,
    Junto com meus companheiros.

    Passo os dias na batalha
    Sentindo tanta saudade,
    Mas quando chega a noite,
    Volto pra minha beldade,
    E recebo os seus carinhos.
    Ah, quanta felicidade!


    Edmundo de Souza

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